Que 1914 havia fracassado, Rutherford não pôde negar; que dizer então? Sem que a maioria de seus associados imediatos soubesse, Rutherford providenciou a escrita de um livro que veio a se intitular O Mistério Consumado. Tendo sido lançado em julho de 1917, o livro procurou assegurar a data de 1914 como estando de fato relacionada com o fim do mundo. Qual foi o raciocínio de Rutherford? Ele recorreu ao evento da destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 EC como sendo paralelo a 1914. Então, assim como aquela guerra só teve fim três anos e meio depois, com a derrota dos últimos judeus refugiados em Massada, assim também o fim dos tempos deveria ser esperado para três anos e meio após o outono de 1914, isto é, para a primavera de 1918.
Em confirmação disso, leiamos as palavras de Rutherford (a citação é extraída do livro de Raymond Franz. Os sublinhados de Franz foram substituídos pelos meus):
Como se vê, “a primavera de 1918” é mencionada com muita clareza. Rutherford esclarece que o “fim” neste caso se refere basicamente à “igreja Evangélica nominal”, isto é, ao conjunto de religiões que tem em Cristo o seu líder (Atualmente, “Babilônia, a Grande” é entendida pela religião como sendo o conjunto de todas as religiões falsas, ao passo que naquela época o termo era distintivo das religiões consideradas cristãs). Nas páginas 484 e 485 do livro O Mistério Consumado, Rutherford foi mais específico sobre qual seria a extensão do julgamento de Deus sobre as religiões em 1918. As palavras de Rutherford seguem à citação de Ezequiel 24:20-22:
Ezequiel 24:20 – 22:
Servindo-se das palavras de Ezequiel 31: 14-17, Rutherford então prevê que à destruição das religiões cristãs seguir-se-á uma anarquia geral por todas as nações. Estas nações, então enfraquecidas, deveriam, por fim, enfrentar em pouco tempo a própria destruição (veja Crise de Consciência, páginas 214 e 215). Quando isso ocorreria? Rutherford não se furtou em fornecer a data. Recorrendo às palavras de Apocalipse 16: 20, ele definiu:
Conforme foi visto no capítulo anterior, a primavera 1918 chegou e a cristandade não sofreu nenhum dano às mãos do Criador. Pelo contrário, o mundo pôde presenciar nessa estação, não uma carnificina às mãos de Deus, mas à prisão de Rutherford e mais sete associados, sob a acusação de contrariar interesses bélicos dos Estados Unidos. Mas ainda restava 1920. Rutherford, enquanto preso, não teve a alegria de ver a guerra se intensificar e resultar na anarquia geral que ele previra. Pelo contrário, ele certamente foi informado de que as nações em combates deram a guerra por encerrada e tudo se encaminhava para um período de paz. Rutherford e seus associados foram libertos sob fiança em março de 1919 e depois inocentados. Assim, em liberdade, Rutherford pôde ver 1920 chegar e lhe apregoar a imagem de um falso profeta.
Pouco se sabe como se sentiram todos aqueles que levaram a sério as palavras desse novo líder. A julgar pelo que se conhece a respeito dos sentimentos humanos, pode-se deduzir muita coisa. Acrescente a isso o fato de que a maioria deles já vinha de uma grande decepção que fora 1914. A outra parte, se não sentiram a dor de 1914, certamente podia ler a respeito. O que aguardava a este povo? O que mais Rutherford tinha a dizer sobre o tempo do Senhor?
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