Estamos acostumados a dizer 1970, 2005, 2015, etc.; também dizemos que determinado acontecimento da História ocorreu em 476 A.D, 323 a.C., 539 a.C. Tudo isso soa muito natural para nós, mas na antiguidade as coisas não eram assim. Os israelitas, bem como povos da mesma época, sabiam determinar a passagem dos anos, mas eles não dispunham de um ponto de partida pelo qual contar, quer para frente quer para trás, assim, indefinidamente. Em razão disso, havia o costume de determinar o ano de um evento fazendo referência a pontos de partida relativamente curtos, como, por exemplo, há quanto estavam da posse do rei que então governava, ou há quanto estavam de determinado acontecimento marcante.
É por isso que lemos:
Isso era relativamente prático para eventos próximos, mas causava dificuldade quando se desejava compreender a sequência exata de eventos que remontavam ao passado cada vez mais distante. Assim, já na antiguidade viu-se a necessidade de um ponto no tempo pelo qual contar os anos, quer para frente quer para trás. Apesar disso, foi somente há cerca de 1500 anos que se estabeleceu o ano de nascimento de Jesus Cristo como ponto através do qual contar o tempo.
Para efeito de compreensão, podemos comparar a contagem dos anos à medida de distância a partir de um ponto previamente estabelecido. Considerando direita e esquerda como direções a seguir, contamos dez, quinze ou trinta metros, assim, em ordem crescente, quer para a direita, quer para a esquerda. A contagem do tempo dá-se da mesma forma. Com certa frequência falamos de um evento que aconteceu há cinco anos, há dez anos, etc., bem como também dizemos que um evento acontecerá de agora a três anos, a dez anos, etc. Quando procedemos dessa forma, estamos usando como ponto de partida o ano em que estamos. Mas, conforme citado no parágrafo anterior, para contar o tempo histórico, há cerca de 1500 anos, foi escolhido o ano de nascimento de Jesus Cristo como ponto de partida. É por isso que usamos as expressões 155 d.C. (depois de Cristo) e 46 a.C. (antes de Cristo).
Essa medida facilitou muito o estudo do tempo histórico. No entanto, essa compreensão só é possível porque os homens da antiguidade registraram a ocorrência de uma infinidade de eventos, importantes e banais, os quais iam desde a duração de reinados, a ocorrência de guerras e até fenômenos marcantes, como eclipses e terremotos. Também puseram por escrito uma infinidade de acordos comerciais, a duração de vida das pessoas, relataram eventos relacionados com seus deuses e tratos com nações vizinhas. Caso não dispuséssemos desses registros, nosso estudo cronológico do tempo histórico ficaria bastante comprometido. A maior parte desse legado chega até nós através de descobertas arqueológicas; outra parte é encontrada em livros, os quais, por terem sido considerados fundamentais já na antiguidade, foram copiados por gerações sucessivas à medida que cópias mais antigas iam se desgastando.
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