Sabemos que o ano solar (o tempo em que a Terra gasta para contornar o Sol) é de aproximadamente 365 dias, e que nosso calendário está dividido em 12 meses, cuja duração foi determinada para que a soma deles viesse a dar exatamente 365 dias. Mas esse sistema de medida é uma invenção posterior à época de nosso estudo. Os israelitas e babilônios, nos seus primórdios, determinavam o comprimento do ano com base nas fases da Lua, algo que veio a ser chamado de ano lunar. O ano em Israel, uma terra do Hemisfério Norte, inicialmente era medido de outono a outono; posteriormente, por ocasião do êxodo, Deus determinou que o ano fosse de primavera a primavera. Essa mudança no calendário de Israel o tornou paralelo ao calendário de Babilônia, que também era contado de primavera a primavera. Devemos nos lembrar, no entanto, que, embora o calendário adotado por ocasião do êxodo seja o mais citado na Bíblia, o calendário antigo não foi completamente abandonado.
A medida de um ano lunar era determinada pela passagem de doze sucessivas luas novas. Começando mais ou menos no que hoje chamamos de mês de março, por ocasião da colheita da cevada, contavam-se sete ou oito luas (meses) e então se dava um novo plantio de cevada, que, ao final de doze luas (meses), devia estar pronta para a colheita. Acontece que a duração média de uma lua nova a outra lua nova é de vinte e nove dias e treze horas; portanto, doze luas novas são cerca de onze dias menos que o ano solar. A consequência disso pode ser vista na seguinte analogia.
Imagine que um agricultor, nos dias atuais, decida guiar-se apenas pelo calendário lunar. Assim, ele começa lançando sementes na primeira lua nova do inverno e estabelece que, desse ano em diante, lançará sementes sempre ao fim de doze luas novas. Com isso, depois de três anos, ele estará lançando sementes um mês antes do inverno e, em dez anos, estará plantado em pleno verão. Isso é mostrado na imagem abaixo:
Como então resolver o problema? Os israelitas e babilônios escolheram por acrescentar um décimo terceiro mês, quando, ao que me parece, o fim de doze luas novas parecia chegar antes do tempo apropriado para se colher a cevada. Encontra-se registro de que, no quarto século da era cristã, esse décimo terceiro mês era acrescentado, em um ciclo de 19 anos, aos seguintes anos: 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º. Com isso, ao fim de cada ciclo, os dois calendários – o lunar e o solar – deviam marcar o mesmo ponto da estação (Veja Estudo Perspicaz das Escrituras, volume 1, páginas 402-404). Esse detalhe é retratado na abaixo:
O calendário de Israel e Babilônia começam com a primavera (Hemisfério Norte) e ocasiona uma diferença de mais de dois meses em relação ao calendário que usamos atualmente. Em resultado disso, quando queremos nos referir ao evento de um ano inteiro, como o ano de um reinado, a forma mais correta de dizer isso é com dois anos consecutivos do nosso calendário. Como pode ser visto na ilustração abaixo, o primeiro ano de Ciro, no calendário lunar babilônico (tarja amarela), ocupa parte de 538 AEC e parte de 537 AEC; logo, a forma correta de expressar isso em nosso calendário é: 538/537 AEC, ou 538/7 AEC. Naturalmente, um evento isolado deve ser expresso normalmente. A queda de Babilônia, por exemplo, ocorreu em meados do ano A no calendário lunar babilônico; assim, podemos dizer que esse evento ocorreu em 539 AEC.
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