Em Babilônia havia o costume que se convencionou chamar de ano de ascensão. Como o calendário de Babilônia começava com a primavera, os anos de reinado de um rei que tomava posse algum tempo depois da primavera só seriam contados a partir da primavera seguinte, enquanto que os meses anteriores eram contados como ano de ascensão. Essa é a razão de 604/3 AEC ser o primeiro ano de Nabucodonosor como rei de Babilônia, apesar de ele ter ascendido ao trono meses antes.
Há evidências de que os reis de Judá, com capital em Jerusalém, ao passo que seguiam o seu calendário religioso, que ia de primavera a primavera, usavam o calendário civil, de outono a outono, para contar os anos de reinado. Por exemplo, os capítulos 22 e 23 de Segundo Reis relatam dois eventos que ocorreram no 18º ano de Josias. O primeiro é a descoberta de uma cópia da Lei que, pelo visto, estava desaparecida havia muito tempo; o segundo é a páscoa. A descoberta do livro da Lei e sua consequente leitura despertou um forte zelo em Josias, tanto que o levou empreender uma companha nacional de combate à idolatria. Caso o começo do 18º ano de Josias tivesse se dado no começo de Nisã, restava apenas duas semanas até a páscoa – tempo insuficiente para todos os eventos citados. Não há como considerar essa páscoa como sendo a do ano seguinte, pois o reinado de Josias já em 1º de nisã entraria no seu 19º ano, mas, como dito antes, os dois eventos ocorreram no 18º ano de seu reinado. A única justificativa razoável é que o 18º ano de Josias tenha se iniciado seis meses antes, em princípio do outono. Isso daria tempo suficiente para ocorrer todos os eventos citados até a páscoa, que ocorreu ainda “no décimo oitavo ano do rei Josias” (Os Tempos dos Gentios Reconsiderados, páginas 371-375).
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