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A Organização Torre de Vigia tem lutado arduamente nas mais altas cortes, nacionais e internacionais, para assegurar a seus membros o direito de exercer a fé. Isso se faz necessário especialmente porque muitos governos ao longo da história (e mesmo nos dias atuais, como a Rússia) têm considerado demasiadamente ofensivo o trabalho ministerial das Testemunhas, que consiste basicamente em repetidas visitas aos lares e na distribuição de livros. Nos Estados Unidos e Canadá, por exemplo, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial, a Torre de Vigia tanto lutou nas cortes nacionais para assegurar seus direitos que suas vitórias acabaram por influenciar a legislação nacional, estendendo suas conquistas a todos os cidadãos desses países. Estas conquistas são até comemoradas em sua literatura, como mostram as próximas citações.
Estados Unidos.
Canadá (os colchetes são dos autores).
A Sentinela de 15 de agosto de 2013, página 30. |
Todas essas conquistas das Testemunhas de Jeová, a meu ver, são plenamente válidas, independente de suas crenças, quer isso resulte ou não em conquistas para integrantes de outras religiões ou mesmo para todos os cidadãos de um país ou continente. São deveras conquistas dignas de aplausos. Um leigo, no entanto, quando diante desses fatos, talvez custe a acreditar que uma religião que tanto lutou para assegurar aos seus membros direitos tão básicos, seja também responsável por tonar miserável a vida de milhares de ex-integrantes que, por qualquer razão, decidiram abandonar o grupo. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, citado anteriormente e repetida a seguir, garante a qualquer pessoa o direito de mudar de religião.
A Torre de Vigia está a postos para dizer que não impede a ninguém de deixar o grupo. De fato, nenhuma Testemunha até agora foi impedida de sair. Porém, quando lemos acima que “toda pessoa tem [...] liberdade de mudar de religião”, isso significa uma liberdade de deixar uma religião sem sofrer represália de qualquer natureza; mas quem leu em páginas anteriores sobre o ostracismo cruel que as Testemunhas infligem aos ex-integrantes da religião, dificilmente dirá que isso não é represália. Desse modo, se um fiel sabe que sofrerá represálias por sair de sua religião, ele pode decidir não sair; considerando que isso é uma realidade para milhares de Testemunhas no mundo inteiro, ao que me parece, isso constitui claras violações de direitos humanos.
Quanto a assegurar os direitos garantidos pela Declaração Universal, há ainda poucos movimentos de ex-Testemunhas empenhados nessa causa. No Brasil, o grupo mais ativo é o de Sebastião Ramos, responsável direto pela Associação Brasileira de Apoio às Vítimas de Preconceito Religioso (Abravipre). Sendo ele próprio uma vítima, sua luta incansável tem conseguido conscientizar milhares de pessoas, especialmente na sede da Associação em Fortaleza, e há também a expectativa de que a causa receba atenção por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).
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