Em 1993, o Corpo Governante publicou um livro em que se propôs contar a história das Testemunhas de Jeová. Nesse livro consta um capítulo em que se apresentam exatamente as crenças das Testemunhas naqueles primórdios, pouco antes da suposta prova em 1918. A seguir, para efeito de resumo, são mostrados todos os subtítulos desse capítulo:
Crescimento no conhecimento exato da verdade
Deixar brilhar a luz
A Bíblia — realmente a Palavra de Deus
Conhecimento do verdadeiro Deus
Crescente apreço pelo nome de Deus
Exposta a Trindade
Qual é a condição dos mortos?
Apontando a “mangueira” contra o inferno
O sacrifício de resgate de Jesus Cristo
Progressivos, não presos a credos
A maneira da volta do Senhor
Fim dos Tempos dos Gentios
Será que o “despertador” tocou cedo demais?
O Reino de Deus, a única esperança da humanidade
A guerra do grande dia de Deus, o Todo-Poderoso
Traria Deus os judeus de volta à Palestina?
Os meios pelos quais os servos de Jeová são ensinados
A luz brilha cada vez mais
(Proclamadores do Reino, capítulo 10)
No que diz respeito a outros pontos da citação, podemos citar o uso do nome divino “Jeová”. Esse nome é pronunciado à exaustão pelas Testemunhas, mas, embora o seu uso fosse defendido por Russell, somente quando bem avançado estava o século XX é que o seu uso passou a ser frequente, tanto quanto é hoje. A “maneira da volta de Cristo”, desde o começo, foi defendida por Russell como sendo invisível. Mas o que Russell ensinava na época é bem diferente do que se ensina hoje. Ao passo que Russell cria que Cristo havia voltado – de modo invisível – em 1874, e que em 1914 assumiria o reino de fato, destronando todos os governos humanos, atualmente, e desde 1925 (após a prova de 1918), o entendimento é que Cristo voltou em 1914 – de modo invisível – e desde então governa em silêncio, até o Armagedom, quando finalmente destronará todos os governos humanos. “A guerra do grande dia de Deus, o Todo-Poderoso” era entendido por Russell como sendo o Armagedom, o qual ele esperava para 1914 – o que evidentemente era um entendimento errado. A volta dos judeus à Palestina (sionismo) era uma “verdade” que Russell esperava para breve, mas, como tantas outras “verdades”, também esta mostrou-se falsa. Muitos judeus de fato se mudaram para a Palestina, na década de quarenta, depois da formação do estado de Israel. Mas, a essa altura, a doutrina defendida por Russell já havia sido abandonada como sendo um equívoco. Em adição a isso, pode-se acrescentar a previsão do próprio Rutherford de que, em 1918, Deus extinguiria todas as demais religiões, mas que, em verdade, o que aconteceu foi a sua prisão, e que veio a perdurar até 1919.
Assim, foi nessas condições que as Testemunhas de Jeová – e todas as demais religiões – foram supostamente submetidas a uma prova em 1918. Que foram as únicas aprovadas, é o que acredita o Corpo Governante. No entanto, conforme examinamos, muito do que acreditavam e que mantém até hoje como sendo verdades não lhes eram verdades exclusivas; e o que lhes eram verdades exclusivas, até onde examinamos, provou-se falso.
Em conclusão, é preciso dizer que a data de 1918 é obtida contando-se três anos de meio a partir de outubro de 1914, portanto, estando dependente da validade bíblica desta data; mas conforme revela o capítulo quatro deste livro, 1914 é histórico e biblicamente indefensável.
Diante disso, há que se perguntar como foi possível que, em 1919, Deus tenha escolhido unicamente a liderança das Testemunhas de Jeová para representa-Lo na Terra.
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