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Existe realmente um escravo?

Em 1993, o Corpo Governante publicou um livro em que se propôs contar a história das Testemunhas de Jeová. Nesse livro consta um capítulo em que se apresentam exatamente as crenças das Testemunhas naqueles primórdios, pouco antes da suposta prova em 1918. A seguir, para efeito de resumo, são mostrados todos os subtítulos desse capítulo: 


Crescimento no conhecimento exato da verdade 

Deixar brilhar a luz 
A Bíblia — realmente a Palavra de Deus 
Conhecimento do verdadeiro Deus 
Crescente apreço pelo nome de Deus 
Exposta a Trindade 
Qual é a condição dos mortos? 
Apontando a “mangueira” contra o inferno 
O sacrifício de resgate de Jesus Cristo 
Progressivos, não presos a credos 
A maneira da volta do Senhor 
Fim dos Tempos dos Gentios 
Será que o “despertador” tocou cedo demais? 
O Reino de Deus, a única esperança da humanidade 
A guerra do grande dia de Deus, o Todo-Poderoso 
Traria Deus os judeus de volta à Palestina? 
Os meios pelos quais os servos de Jeová são ensinados 
A luz brilha cada vez mais 

(Proclamadores do Reino, capítulo 10)

Com um pouco de conhecimento, apenas uma olhada superficial permite ao leitor verificar que as crenças das Testemunhas de Jeová eram basicamente as mesmas crenças de diversos grupos adventistas da época. De fato, são exatamente iguais no que diz respeito à “condição dos mortos” e ao “inferno”, pois, assim como as Testemunhas de Jeová acreditavam naquele tempo (e também agora) que a alma consiste na própria existência da pessoa e que, portanto, quando a pessoa morre, morre também a alma (razão pela qual inexiste um inferno de tormento), assim criam também muitos grupos adventistas da época. O conceito de um paraíso na terra, uma crença tão destacada das Testemunhas de Jeová, é igualmente um conceito herdado dos grupos adventistas. As Testemunhas de Jeová não creem na doutrina da Trindade; isto se dá porque também muitos grupos adventistas também não criam. De fato, uma das maiores denominações adventistas de nosso tempo, os Adventistas do Sétimo Dia, somente na década de trinta vieram a aceitar a Trindade como uma verdade bíblica.  

No que diz respeito a outros pontos da citação, podemos citar o uso do nome divino “Jeová”. Esse nome é pronunciado à exaustão pelas Testemunhas, mas, embora o seu uso fosse defendido por Russell, somente quando bem avançado estava o século XX é que o seu uso passou a ser frequente, tanto quanto é hoje. A “maneira da volta de Cristo”, desde o começo, foi defendida por Russell como sendo invisível. Mas o que Russell ensinava na época é bem diferente do que se ensina hoje. Ao passo que Russell cria que Cristo havia voltado – de modo invisível – em 1874, e que em 1914 assumiria o reino de fato, destronando todos os governos humanos, atualmente, e desde 1925 (após a prova de 1918), o entendimento é que Cristo voltou em 1914 – de modo invisível – e desde então governa em silêncio, até o Armagedom, quando finalmente destronará todos os governos humanos. “A guerra do grande dia de Deus, o Todo-Poderoso” era entendido por Russell como sendo o Armagedom, o qual ele esperava para 1914 – o que evidentemente era um entendimento errado.  A volta dos judeus à Palestina (sionismo) era uma “verdade” que Russell esperava para breve, mas, como tantas outras “verdades”, também esta mostrou-se falsa.  Muitos judeus de fato se mudaram para a Palestina, na década de quarenta, depois da formação do estado de Israel. Mas, a essa altura, a doutrina defendida por Russell já havia sido abandonada como sendo um equívoco. Em adição a isso, pode-se acrescentar a previsão do próprio Rutherford de que, em 1918, Deus extinguiria todas as demais religiões, mas que, em verdade, o que aconteceu foi a sua prisão, e que veio a perdurar até 1919. 

Assim, foi nessas condições que as Testemunhas de Jeová – e todas as demais religiões – foram supostamente submetidas a uma prova em 1918. Que foram as únicas aprovadas, é o que acredita o Corpo Governante. No entanto, conforme examinamos, muito do que acreditavam e que mantém até hoje como sendo verdades não lhes eram verdades exclusivas; e o que lhes eram verdades exclusivas, até onde examinamos, provou-se falso

Em conclusão, é preciso dizer que a data de 1918 é obtida contando-se três anos de meio a partir de outubro de 1914, portanto, estando dependente da validade bíblica desta data; mas conforme revela o capítulo quatro deste livro, 1914 é histórico e biblicamente indefensável.

Diante disso, há que se perguntar como foi possível que, em 1919, Deus tenha escolhido unicamente a liderança das Testemunhas de Jeová para representa-Lo na Terra. 

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