Não é exclusividade das Testemunhas de Jeová marcar datas para o fim do mundo, mas, a julgar pelos frutos de tais atitudes, a religião verdadeira não deveria ser também responsável por incorrer nesse erro. Quanto à gravidade disso, leiamos as sinceras e corretas palavras do Corpo Governante no que toca a esse erro, quando cometido por outras religiões:
Por que tantos alarmes falsos?
CONTA-SE que um garoto vigiava as ovelhas dos aldeões. Para agitar um pouco, certo dia ele gritou “lobo! lobo!”, mas não havia lobo algum. Os aldeões acudiram com paus para afugentar o lobo, mas descobriram que não era nada. Foi tão divertido que, tempos depois, o garoto gritou de novo. Novamente os aldeões acudiram com paus, mas descobriram que era outro alarme falso. Depois um lobo veio mesmo, e o garoto soou o aviso “lobo! lobo!”, mas os aldeões não fizeram caso de seus gritos, achando que era outro alarme falso. Haviam sido enganados demasiadas vezes. Tem acontecido o mesmo com aqueles que proclamam o fim do mundo. Através dos séculos, desde os dias de Jesus, já se fizeram tantas predições não cumpridas que muitos não mais as levam a sério (Despertai de 22 de março de 1993, página 3).
O PASTOR que repetidas vezes gritou “lobo” quando não havia nenhum lobo, descobriu que seu posterior grito por ajuda não foi atendido. O mesmo se dá hoje, quando muitos desconsideram a iminência do dia de Jeová por terem ouvido inúmeros avisos que mostraram ser alarmes falsos. O mero fato de que tantos deixam de discernir que aviso é genuíno e de acatá-lo faz o jogo do maior inimigo de Deus, Satanás, esse falso “anjo de luz”. — 2 Coríntios 11:14. (A Sentinela de 1º de junho de 1998, página 5). Agora compare isso com as palavras do Corpo Governante sobre os mesmos erros cometidos pela religião (os colchetes são dos autores).
As Testemunhas de Jeová deram datas erradas para o fim?
As Testemunhas de Jeová já tiveram expectativas equivocadas sobre quando viria o fim. Como aconteceu com os primeiros discípulos de Jesus, houve ocasiões em que esperamos o cumprimento de profecias antes do tempo determinado por Deus. (Lucas 19:11; Atos 1:6; 2 Tessalonicenses 2:1, 2) Mas temos a mesma opinião que Alexander Macmillan, uma Testemunha de Jeová veterana, que disse: “Aprendi que devemos admitir nossos erros e continuar a pesquisar a Palavra de Deus para obter mais esclarecimento.”
Então, por que continuamos a dizer que o fim está próximo? Porque levamos a sério as palavras de Jesus: “Persisti em olhar, mantende-vos despertos.” Se não fizéssemos isso, estaríamos “dormindo” do ponto de vista de Jesus, e isso nos impediria de ter sua aprovação. (Marcos 13:33, 36) Por quê?
Veja um exemplo: O zelador de um prédio soa o alarme de incêndio porque viu sinais de fumaça. Depois de um tempo, todos percebem que foi alarme falso. Mas um dia a atitude alerta do zelador poderá salvar vidas.
Da mesma forma, já tivemos expectativas equivocadas sobre o fim. Mas estamos mais preocupados em obedecer a Jesus e em salvar vidas do que em evitar críticas. A ordem de Jesus de dar “testemunho cabal” nos motiva a avisar outros sobre o fim. — Atos 10:42.
Em vez de nos concentrarmos em quando virá o fim, o mais importante é termos certeza de que ele realmente virá e estar preparados. Levamos a sério as palavras de Habacuque 2:3: “Ainda que [o fim] demore [comparado ao que se imaginava], continua na expectativa [dele]; pois cumprir-se-á sem falta. Não tardará.” (A Sentinela de 1º de janeiro de 2013, página 8). Primeiro note que a liderança tirou de si a culpa e atribuiu as falsas profecias (que chama apenas de “equívocos”) a todas as “Testemunhas de Jeová”. Também considera que seus “equívocos” não são comparáveis às falsas profecias de outras religiões, mas às pequenas e inocentes dúvidas dos primitivos cristãos. Depois os repetidos avisos de “lobo” foram substituídos por apenas um falso alarme de incêndio. Também, no esforço de amenizar a gravidade dos erros, os autores parecem não perceber que incorrem em uma contradição quando perguntam, no inicio do segundo parágrafo, “por que continuamos a dizer que o fim está próximo?”. Avisos de que o fim está próximo não é o assunto em exame, mas a marcação de datas para o fim do mundo. Como resposta à pergunta, dá-se o exemplo do zelador que soa um alarme de incêndio. Mas geralmente um alarme de incêndio é dado quando há pelos menos indícios de que há um incêndio em curso, não para alertar moradores de que um incêndio pode acontecer a qualquer momento; se assim fosse, o alarme deveria permanecer ligado 24 horas, o que faria praticamente extinguir-se o sentido de sua existência. E isso remete justamente ao que acontece com a Torre de Vigia, cujo “alarme de incêndio” está ligado há mais de um século – sem que nenhum incêndio esteja à vista. Como então espera ser levada a sério quando de fato houver um “incêndio” de proporções apocalípticas? E dizer logo depois que “estamos mais preocupados em obedecer a Jesus e em salvar vidas do que em evitar críticas” faz parecer que a autoridade religiosa está sendo criticada por fazer a coisa certa, como se Jesus Cristo, em vez de dizer que seus seguidores deveriam se manter alertas, em razão de não saberem quando viria o fim, tivesse dito a eles que gritassem “lobo! lobo!” de vez em quando, mesmo que isso acabasse por resultar em caírem em descrédito. Por fim, lermos que “em vez de nos concentrarmos em quando virá o fim, o mais importante é termos certeza de que ele realmente virá e estar preparados”, lembra-me imediatamente das palavras de Jesus Cristo referente aos líderes religiosos do seu tempo:
Os escribas e os fariseus se sentaram no lugar de Moisés. Portanto, façam e cumpram tudo o que eles dizem a vocês, mas não ajam como eles, pois falam, mas não praticam o que dizem (Mateus 23: 2,3).
Comentários
Postar um comentário