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As descobertas de Barbara Anderson

Barbara Anderson, de New York, Estados Unidos, foi batizada como Testemunha de Jeová em 1954, à idade de 14 anos. Em 1959 casou-se com Joe Anderson e juntos se dedicaram intensamente ao serviço de evangelização conforme praticado pelas Testemunhas de Jeová. Em 1982 o casal foi convidado a prestar serviço na sede administrativa no bairro de Brooklyn, cidade de Nova Iorque, e lá permaneceram até 1992, quando precisaram sair para cuidar dos pais de Barbara, já muito idosos.

Depois de alguns anos na sede, Barbara foi convidada a trabalhar no Departamento de Redação, onde foi designada para auxiliar Karl Adams em um projeto de pesquisa que resultou no livro Proclamadores do Reino (lançado em 1993). Nesse meio tempo, Barbara foi tomando conhecimento de alguns casos de pedofilia praticado por homens Testemunhas de Jeová, mas quanto à dimensão do problema, ela continuava sem saber. Porém, o Corpo Governante deu sinal de que já sabia do problema. Essa indicação surgiu em duas séries de artigos sobre o assunto em duas edições da revista Despertai! (edições de 8 de junho de 1985 e de 8 de outubro de 1991). Mesmo assim, nesses artigos nada indica um reconhecimento de pedofilia praticado por Testemunhas, mas apenas fornecem orientações sobre como as vítimas podem ser ajudadas a superar o sofrimento resultante. Mas em resultado de suas habilidades de pesquisas terem sido reconhecidas, a Barbara foi dado também a oportunidade de pesquisar o problema de pedofilia praticada por homens Testemunhas de Jeová. Sobre isso, leiamos o que ela diz:

Devido aos problemas de saúde de meus pais idosos, decidimos encerrar nossa estadia nas instalações da Torre de Vigia de Brooklyn em agosto de 1992, permanecendo ali até o final daquele ano. Entrementes, eu passei um tempo em mais um projeto de pesquisa. Harry autorizou-me a reunir um pacote de informações que alertava e provava ao Corpo Governante que ele tinha um problema sério com o abuso sexual de crianças dentro da organização. No início de Janeiro de 1993, algumas semanas após sairmos da sede, um enorme pacote de informações documentadas compiladas por mim, foi entregue por Harry Peloyan a cada um dos membros do Corpo Governante (conferir original em inglês)

Conforme era o objetivo da pesquisa, agora o Corpo estava devidamente alertado de que um grave problema de pedofilia imperava dentro da entidade religiosa. O que ele faria com a pesquisa, restava saber; quanto a Barbara, ela deixou a sede muito impactada ao descobrir que, pelas congregações, era de praxe não delatar casos de abuso às autoridades policiais.

Mas, contrário à suas expectativas, a pesquisa feita por ela teve bem pouca influencia sobre o Corpo Governante. Por todas as congregações por todo o mundo continuou em vigor a lei do silêncio, com Testemunhas acusadas de pedofilia circulando livremente entre as demais, e sem que essas sequer soubessem das acusações, o que, desse modo, acabava por elas não prestarem tanto atenção a seus filhos quanto prestariam caso fossem devidamente alertadas. Barbara continuou em contato com a sede, procurando influenciar de alguma forma a política do Corpo com relação à pedofilia. Por meio de carta, alertou contra a permissão de que, enquanto no Salão do Reino, acusados de pedofilia estivessem a pôr crianças no colo, bem como tendo permissão para fazer visitas de evangelização de casa em casa, o que poria em risco também crianças do público em geral. Mas, fora uma ou outra mudança pontual, o Corpo permanecia irredutível.

Em 1998, sentindo-se impotente diante do problema, Barbara encerrou suas atividades como Testemunha de Jeová. Enquanto na religião, ela fez o que pode para proteger as crianças filhas de Testemunhas, mas, diante dos parcos resultados, não lhe era mais suportável permanecer na ativa como evangelizadora. Nisso, surpreendentemente, ela teve todo o apoio do seu marido, que a compreendia perfeitamente.

Nessa nova condição, no ano 2000 Barbara conheceu Bill Bowen, um ancião Testemunha de Jeová; este, por conta própria, investigava o assunto, e, com o suporte de Barbara, juntos decidiram fazer algo para forçar o Corpo Governante a mudar sua política de proteção a acusados de pedofilia. Com esse objetivo, Bill Bowen renunciou ao cargo de ancião e no ano seguinte, juntamente com Barbara, contatou o programa Dateline, da NBC, quando então foi fornecida à equipe de reportagem cópia da pesquisa feita por Barbara enquanto prestava serviço para o Corpo Governante. A produção do programa fez uma pesquisa adicional e, tendo comprovado as acusações, decidiu levar o programa ao ar. Porém, em resultado de ter sido contatado a exercer o direito de reposta, o Corpo Governante tomou conhecimento de que seria denunciado e, rapidamente agiu para desacreditar Barbara perante as demais Testemunhas. Leiamos então as palavras dela:

Após contatar a NBC mais uma vez com a finalidade de saber quando o programa iria ao ar, ao final de abril de 2002 foi informado à Torre de Vigia que ele seria exibido em 28 de maio de 2002. Imediatamente, oficiais da Torre de Vigia notificaram os anciãos locais para agendar audiências judicativas conosco. No início de maio, provei aos anciãos que não era culpada das acusações feitas contra mim. Dentro de alguns dias, os anciãos locais agendaram uma nova audiência judicativa com novas acusações inventadas. Eu me recusei participar desta reunião, pois me parecia inútil; se eu refutasse essas acusações, era óbvio que eles viriam vez após vez com cargas maiores sobre mim. Em todo o caso, fui posteriormente desassociada em 19 de maio de 2002, sob a acusação de causar divisões.

Algumas das outras Testemunhas denunciantes que apareceram no programa foram também desassociadas na mesma época. Membros desassociados são encarados como pecadores não arrependidos e devem ser desacreditados; isso é uma jogada astuta da Torre de Vigia. Era óbvio que fui desassociada pouco antes da exibição do programa para que as Testemunhas que o assistissem não me levassem a sério (conferir original em inglês).

Logo após a desassociação de Barbara, todas as congregações dos Estados Unidos receberam uma carta do Corpo Governante, que devia ser lida para todas as Testemunhas alguns dias antes de o programa ser exibido. Como o marido de Barbara, Joe Anderson, ainda era ancião, este lera a carta com antecedência e verificou que nela havia muitas calúnias a respeito de sua esposa. Este então optou por renunciar ao cargo de ancião. Posteriormente, tendo entrado em contato com a sede para que estes se explicassem, Joe ouviu de um responsável que ele devia ter mais controle sobre a esposa. Algum tempo depois Joe também foi desassociado sob a acusação de estar causando divisão.

Como recomendado pelo Corpo Governante, as ações de Barbara em defesa dos filhos de Testemunhas de Jeová resultaram em mais uma família destruída; pois o seu filho, conforme conto no primeiro capitulo, preferiu ficar com a religião e cortou toda a comunicação com os pais (veja a página 34).

Mas a decisão de Barbara não foi em vão. Desde que ela e Bill Bowen foram à mídia, em 2002, a imprensa, com bem mais frequência, tem tornado pública a maléfica política de sigilo do Corpo Governante. E Barbara (foto abaixo) continua na ativa.




Atualmente ela administra o site Watchtower Documents, onde disponibiliza uma farta documentação que escancara o grave problema de pedofilia na religião das Testemunhas de Jeová. Juntamente com Barbara, Bill Bowen criou o site Silent Lambs, que segue a mesma linha editorial.

As informações a respeito de Barbara Anderson foram colhidas de sua autobiografia, conforme consta no seu site


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