A BÍBLIA SAGRADA contém claros avisos de que logo que Cristo subisse aos céus, o cristianismo seria adulterado e que pessoas de dentro da própria congregação cristã seriam as responsáveis por essa apostasia (Mateus 13; Atos 20: 29,30).
A palavra apostasia geralmente é definida como abandono de crença, partido ou opinião. Pode ser abandono integral ou apenas de algumas ideias ou conceitos. Como a organização Torre de Vigia considera a si mesma como a continuação exata do cristianismo, todas as Testemunhas que defendem ideias ou conceitos divergentes são julgadas como apóstatas do verdadeiro cristianismo.
Veja a seguir as definições de “apostasia” e “apóstata” segundo essa organização religiosa:
Definição: Apostasia é abandonar ou desertar a adoração e serviço de Deus, na realidade uma rebelião contra Jeová Deus. Alguns apóstatas professam conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinamentos ou requisitos delineados na Sua Palavra. Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a organização de Jeová (Raciocínios à Base das Escrituras, página 41)
Como visto em capítulos anteriores, por “ensinamentos ou requisitos” bíblicos entenda-se apenas o conceito dessa organização religiosa sobre o que são de fato ensinamentos ou requisitos bíblicos (veja a definição de “apóstata” na imagem abaixo). Por “organização de Jeová” entenda-se a religião das Testemunhas de Jeová na figura de seus líderes. Definição de “apóstata”, segundo o livro secreto “Prestai Atenção a vós Mesmos e a Todo o Rebanho”, edição de 1991, página 94:
Desde o começo de sua história, os líderes da Torre de Vigia tomaram por alvo demonizar a todos aqueles que discordavam dela. Como visto nos capítulos dois e três, os primeiros anos de Rutherford foram especialmente difíceis em razão do fracasso que fora 1914 e em razão do seu espírito autoritário. A reação de Rutherford foi condicionar as coisas para que todos os “opositores” lhe fossem tirados do caminho, mas não sem o evidente desejo de que estes viessem a desaparecer, que se extinguissem tal qual uma erva arrancada. Referente aos quatro diretores evolvidos no episódio de 1918, o livro Proclamadores do Reino cita com evidente satisfação que futuro teve os “opositores e seus apoiadores”.
O que aconteceu com os opositores e seus apoiadores? Depois da reunião anual de 1918, os opositores se separaram, e até mesmo resolveram celebrar sozinhos a Comemoração da morte de Cristo, em 26 de março de 1918. Qualquer união que porventura tinham durou pouco, e logo se dividiram em várias seitas. Na maioria dos casos, o número deles caiu e a sua atividade diminuiu ou cessou por completo.
Claramente, após a morte do irmão Russell, os Estudantes da Bíblia enfrentaram um verdadeiro teste de lealdade. Como disse Tarissa P. Gott, batizada em 1915: “Muitos dos que pareciam tão fortes, tão devotados ao Senhor, começaram a se desviar... Nada disso parecia certo, mas estava acontecendo e nos perturbou. Mas, eu dizia comigo mesma: ‘Não foi esta organização que Jeová usou para nos livrar dos laços da religião falsa? Não provamos a Sua bondade? Se a abandonássemos agora, para onde iríamos? Não acabaríamos seguindo algum homem?’ Não víamos motivo para acompanhar os apóstatas, por isso permanecemos.” — João 6:66-69; Heb. 6:4-6 (Proclamadores do Reino, páginas 68,69).
Referente ao primeiro parágrafo da citação, o que se gostaria de dizer é que os “opositores” e todos os que os apoiavam se extinguiram por completo, mas isso não é dito. Uma pesquisa na internet logo revelará que existem grupos que se declaram fiéis aos conceitos de Russell, sendo que alguns até têm extensão internacional.
Quanto ao segundo parágrafo, os autores do livro falam acertadamente que os seguidores de Russell passaram por um “verdadeiro teste de lealdade”. Mas não dizem que permanecer leal ao grupo significava fechar os olhos para a falsa profecia de 1914, bem como para tantas outras que fracassaram até 1925. Uma Testemunha é citada como tomando a decisão de ser leal, uma vez que agir de modo diferente seria voltar à “religião falsa” e por fim acabar “seguindo algum homem” – como se fosse falsa a afirmação de que esse mesmo grupo, por toda a sua existência, foi claramente liderado por “homens”, os quais, através de reformas doutrinárias, fizeram questão de provar em quanta falsidade religiosa se acreditava por volta de 1918.
E desde então, assim como aconteceu por aquela época, sempre houve pessoas que, ao deixar o movimento religioso, procuraram tornar público o que realmente significa ser Testemunha de Jeová.
De fato, muito se deve a essas pessoas o crédito pela intensa difusão, especialmente nos últimos 30 anos, de todas as falsas profecias feitas pelas autoridades religiosas que administraram e administram esse grupo religioso (veja o capítulo três, que aborda as várias datas marcadas para o fim do mundo). Os escândalos relatados no capítulo cinco (caso Nações Unidas, a perniciosa politica financeira e a política de proteção a acusados de prática da pedofilia) teria sua exposição restrita a um número pequeno de pessoas, caso não fosse o intenso trabalho de difusão feito por ex-Testemunhas. O capítulo quatro abordou o fascinante estudo da cronologia em torno da data de 1914, mas tudo isso só foi possível em resultado do extraordinário trabalho de pesquisa feita por Carl Olof Jonsson, que, como Testemunha, a princípio, desejou apenas dialogar com a liderança religiosa sobre as descobertas que fez. A não aceitação do diálogo proposto por ele acabou em sua excomunhão, mas salvou-se a pesquisa, e ela tem-se mostrado cada vez mais fundamentada à medida que mais descobertas arqueológicas vêm confirmar as suas conclusões feitas há cerca de 40 anos. Foi com base nos estudos de Raymond Franz que o capítulo dois abordou os argumentos usados pela a liderança das Testemunhas de Jeová para se perpetuar no poder. Segundo ela, toda a autoridade que possui foi-lhe concedida por Deus, mas, conforme vimos, não há nada na Bíblia que assegure a autenticidade desse ensino, até porque, como foi visto no capítulo quatro, toda ela está a depender da validade bíblica e histórica de 1914, que foi claramente provada falsa.
Todas essas informações atualmente circulam nos meios de comunicação a uma intensidade e frequência cada vez maior. Especialmente com o advento da internet e maior acessibilidade a ela, a cada dia tem-se tornado mais difícil para a autoridade religiosa manter uma pose de paladino da boa moral, bem como esconder das Testemunhas o seu longo histórico de falsas profecias.
A atitude correta, nesses casos, quando estão envolvidas autoridades públicas, órgãos do governo, ou mesmo qualquer entidade de interesse público, seria expor-se voluntariamente à investigação. Mas como procede a liderança religiosa?
No que diz respeito ao histórico da religião, muitas coisas poderiam ser esclarecidas se todas as Testemunhas tivessem acesso a toda a literatura da religião desde os seus primórdios, lá pela década de 1870. Isso de certa forma pode ser comparado a quando alguém faz uma parceria de negócios com outra pessoa, ou quando faz um contrato de serviço com uma empresa; nesses casos, é recomendado que o histórico profissional da pessoa, ou da empresa, seja analisado, de modo a se ter mais garantias de sucesso nas relações de negócios. Mas a autoridade religiosa não faz absolutamente nada para que essa literatura antiga esteja à disposição das Testemunhas.
Poder-se-ia alegar os custos de impressão e tradução. Mas o argumento da tradução não é válido para os países de língua inglesa, visto que toda a literatura foi originalmente produzida em inglês, bem como também não se pode alegar o custo de impressão, visto que, para quase todo o mundo, a entidade religiosa também já disponibiliza suas publicações recentes por meios eletrônicos, como um CD-ROM e pela internet. Esses mecanismos podem ter espaço mais que suficiente – e quase gratuito – para armazenar os cerca de150 anos de literatura religiosa. Mas tem ficado claro que a autoridade não tem nenhum interesse em se servir dessas vantagens. Para a língua portuguesa, por exemplo, há literatura bíblica com boa tradução desde a década de 30, mas o CD-ROM atualmente só trás a literatura a partir da década de 1970. Na internet, no site oficial da religião – JW.ORG –, só consta literatura lançada do ano 2000 para cá.(Nota: na data em que preparo esta segunda edição do livro, em dezembro de 2022, revistas a Sentinela lançadas a partir de 1950 são disponibilizas no site JW.ORG)
Em razão de não terem acesso a essa literatura antiga, e principalmente em países em que não predominam a língua inglesa, a maioria das Testemunhas de Jeová fica a depender apenas de duas fontes de pesquisa: as citações feitas pelo Corpo Governante e as feitas pelos considerados apóstatas.
Quanto à primeira fonte, nos capítulos anteriores, pelo que analisamos da literatura recente do Corpo Governante, vimos com quanta parcialidade isso é feito. Por exemplo, no capitulo dois, que foi examinado o termo “Corpo Governante”, ficamos sabendo que essa expressão só foi concebida por volta da década de quarenta e que, somente na década de setenta, passou a ter o sentido que se tem hoje. Apesar disso, a literatura atual procura fazer parecer que o Corpo Governante existiu desde o tempo de Rutherford, sendo, portanto, composto por ele e seus auxiliares próximos, pois somente assim pode afirmar que Deus escolheu, por aquela época - não Rutherford -, mas um “corpo governante” como Seu representante. No capitulo três, “Datas marcadas para o fim do mundo”, ficou mais que evidente o quanto a liderança atual procura esconder que seus antecessores estiveram diretamente envolvidos em marcar datas para o fim do mundo, e com palavras nada duvidosas. No capitulo quatro, sobre cronologia, vimos que Russell esteve bem a par dos argumentos que, se levados a sério, derrubariam o seu castelo de cartas– todo ele erguido sobre a falsa data de 607 AEC. Mas a literatura recente, com o fim de inocentar Russell, faz parecer que ele era ignorante a respeito disso, dando a entender que os ajustes feitos foram em decorrência de descobertas posteriores.
Obviamente que essas falsas afirmações são constantemente refutadas pela literatura considerada “apóstata” – a segunda fonte de consulta disponível às Testemunhas.
Quanto a essa segunda fonte de informações, o Corpo Governante sabe muito bem que ela está repleta de citações de sua literatura, tanto recente como antiga. E é evidente que isso não é do seu agrado. Uma prova documentada a respeito disso consta no livro secreto Pastoreiem o Rebanho de Deus, à página 115:
Isso claramente indica que, caso estivesse em seu poder, essa liderança religiosa, além de não fazer absolutamente nada para disponibilizar sua literatura antiga, também faria todo o possível para tirar de circulação todo e qualquer livro e revista antigos que há em mãos de terceiros. Como isso não lhe é possível, resta-lhe colocar toda a literatura “apóstata” num índex geral de livros proibidos, tal qual fez a Igreja Católica em séculos passados. E veja com que justificativa se proíbe o acesso a qualquer informação elaborada por “apóstatas”:
De nada nos beneficia tentar refutar os argumentos de apóstatas ou dos que criticam a organização de Jeová. De fato, é espiritualmente perigoso e impróprio ler suas informações, quer em forma impressa, quer na internet (A Sentinela de 15 de maio de 2012, página 26).
É um engano pensar que você precisa ouvir os apóstatas ou ler as publicações deles para refutar seus argumentos. O raciocínio deturpado e venenoso deles pode causar dano espiritual e contaminar a sua fé como uma gangrena que se espalha rapidamente. (A Sentinela de 15 de fevereiro de 2004, página 28).
Por dar ouvidos ao Diabo e não rejeitar suas mentiras, o primeiro casal humano apostatou. Assim, será que devemos ouvir os apóstatas, ler suas publicações ou examinar seus sites na internet? (A Sentinela de 15 de janeiro de 2006, página 23).
Algumas das publicações dos apóstatas apresentam falsidades por meio de “conversa suave” e “palavras simuladas” (A Sentinela de 1º de julho de 1994, página 12).
Em adição a essas admoestações, uma revista A Sentinela de 1986 usou termos absolutamente claros sobre como as Testemunhas devem encarar a literatura considerada apóstata:
Quando outra pessoa nos diz: ‘Não leia isso’, ou: ‘Não escute isso’, talvez fiquemos tentados a desconsiderar seu conselho. Mas, lembre-se de que, neste caso, é Jeová quem nos diz na sua Palavra o que devemos fazer. E o que diz ele a respeito dos apóstatas? ‘Evite-os’ (Romanos 16:17, 18); ‘cesse de ter convivência com’ eles (1 Coríntios 5:11); e ‘nunca os receba no seu lar, nem os cumprimente’ (2 João 9, 10). Estas são palavras enfáticas, orientações claras. Se nós, por curiosidade, lêssemos a literatura dum apóstata conhecido, não seria isso igual a convidar este inimigo da verdadeira adoração à nossa casa, para se sentar conosco e expor suas idéias apóstatas? (A Sentinela de 15 de março de 1986, página 13).
Como se pode ver, a autoridade religiosa procura colocar o conceito dela como se fosse uma lei do próprio Deus; com isso, a Testemunha que quer ser obediente a Deus pensará duas vezes antes de se aventurar a ler algo produzido pelos “apóstatas”, e caso leia, pode, posteriormente, ficar com a consciência pesada por – na sua concepção induzida – ter sido desleal a Deus. É verdade que a Bíblia recomenda que não devemos ter associação íntima com promotores de falsidade religiosa. Mas esse conceito só é válido para quem está com a genuína verdade cristã, coisa que – pelo exame que fizemos – não é o caso das Testemunhas de Jeová. Sendo assim, proibir a que as Testemunhas leiam conteúdos produzidos pelos “apóstatas” serve a um único objetivo: mantê-las na ignorância a respeito dos graves erros históricos e recentes, os quais, se expostos a todas as Testemunhas, podia resultar em a religião cair num processo contínuo de esvaziamento até extinguir-se, ou, mais provavelmente, acabar-se por ser forçada a remodelar-se, curvando-se, assim, sob o peso de seus próprios pecados.
Como foi visto acima nas citações, nenhuma delas proíbe diretamente que Testemunhas leiam um livro apóstata. A linguagem fica mais na linha de exortação. Mas os pastores Testemunhas são orientados a cobrar explicações de todas as Testemunhas que, de alguma forma, foi flagrada (ou denunciada) em posse de material apóstata. Nessas conversas, os anciãos desejam saber até que ponto a Testemunha ainda acredita que a organização Torre de Vigia possui a verdade. A Testemunha, por sua vez, servindo-se de alguns fatos, talvez a falsidade em torno de 1914 ou o envolvimento com as Nações Unidas, pode tentar argumentar com os anciãos, procurando induzi-los a ver o caso pelo lado da razão. Mas, quase que invariavelmente, os anciãos dão muito pouca importância a fatos, sejam eles quais forem; o que lhes interessa mesmo é saber se a Testemunha ainda acredita no Corpo Governante como sendo o representante de Deus na Terra. Caso a Testemunha lhes diga que não tem mais o Corpo Governante como guia espiritual, ou que não aceita mais certas “verdades” ensinadas por ele, os anciãos geralmente pedem que ela não fale a mais ninguém sobre suas dúvidas. Caso tomem conhecimento de que a Testemunha comentou sobre suas dúvidas com mais alguém ou que tenha tentado convencer alguém a respeitos da veracidade de seus conceitos divergentes, então a recomendação é que sigam as instruções que constam em Tito 3:10, que é como segue:
Quanto ao homem que promove uma seita, rejeite-o depois de aconselhá-lo com firmeza uma primeira e uma segunda vez. (Tito 3:10).
A respeito do que realmente significa esse texto, o Corpo Governante dar a seguinte explicação:
As Escrituras alertam, no entanto, que alguns tentariam ficar entre o povo de Deus para ali procurar desencaminhar outros. O apóstolo Paulo advertiu: “Dentre vós mesmos surgirão homens e falarão coisas deturpadas, para atrair a si os discípulos.” (Atos 20:30) Ele oportunamente alertou os cristãos a ‘ficarem de olho nos que causam divisões e motivos para tropeço contra o ensino que aprendestes, e que os eviteis’. — Romanos 16:17, 18.
Portanto, se alguém se tornar falso instrutor entre os verdadeiros cristãos, como no caso de Himeneu e Fileto nos dias de Paulo, os pastores do rebanho terão de tomar medidas protetoras. Se a pessoa rejeitar a admoestação amorosa deles e continuar a promover seita, uma comissão de anciãos poderá desassociar, ou expulsar, tal pessoa por apostasia. (2 Timóteo 2:17; Tito 3:10, 11) Os irmãos e irmãs individuais na congregação acatariam a instrução de Paulo de ‘evitar’ aquele que tentou ‘causar divisões’. João aconselhou similarmente: “Se alguém se chegar a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis.” — 2 João 10. (A Sentinela de 15 de outubro de 1986, página 31)
(No primeiro capítulo foi considerada uma carta do Corpo Governante onde lemos que, “para ser desassociado, um apóstata não tem necessariamente de ser um promotor de idéias apóstatas”, mas apenas estar convencidos a respeito de certos assuntos que sejam divergentes daqueles defendidos pelo Corpo Governante. Mas, pelo que me parece, atualmente a Testemunha é deixada quieta com seus conceitos, sendo apenas mantida sob vigilância para que nada fale a outros sobre eles).
Ilustrativo disso é um caso relatado por Raymond Franz; segundo ele, uma Testemunha de Jeová de nome Edward Dunlap fora levada a julgamento porque chegou ao conhecimento dos anciãos que ele estava conversando com outras Testemunhas sobre certos assuntos bíblicos e apresentava conceitos divergentes dos defendidos pela organização. Segundo Franz, note qual era a preocupação dos anciãos:
A comissão judicativa queria saber se ele [Edward Dulamp] falaria sobre estes pontos com outras pessoas. Ele respondeu que não tinha nenhuma intenção de fazer “campanha” entre os irmãos. Mas disse que, se as pessoas viessem até ele em particular em busca de ajuda e ele pudesse dirigi-las para os textos bíblicos que lhes fornecessem respostas às suas perguntas, faria isso, pois se sentiria na obrigação de ajudá-las. Com toda a probabilidade, este foi o fator decisivo. Tal liberdade de discussão e expressão sobre a Bíblia em particular não era aceitável, mas era vista como herética, como perigosamente desagregadora (Crise de Consciência, de Raymond Franz, página 366)
Dulamp foi excomungado apenas porque os anciãos não puderam ter garantias de que ele se manteria calado sob seus conceitos divergentes de certas doutrinas defendidas pelo Corpo Governante.
Como se pode ver, essas expulsões sob a acusação de apostasia tem um objetivo claro: evitar que qualquer ideia considerada apóstata circule entre as Testemunhas, mesmo que essas ideias sejam apenas declarações feitas pela religião, lá nos seus primórdios. Fez-se de tudo para coibir a que isso acontecesse: primeiro, dificultou-se a que a literatura antiga circulasse entre as Testemunhas; segundo, exortou-se que não se devia ler a literatura apóstata. Mas, tendo isso sido desconsiderado por algum, tendo-se rompido a penúltima barreira de contenção, parte-se então para a tática mais drástica à disposição: a reluzente espada da excomunhão.
Diante dessas consequências, muitas Testemunhas de Jeová de fato passam a ver os “apóstatas” como verdadeiros inimigos da verdade. E é justamente isso que o Corpo Governante deseja fazer parecer. Uma vez que as Testemunhas estão proibidas de ler a literatura “apóstata”, estando, portanto, impossibilitadas de checar qualquer coisa, a autoridade religiosa se sente à vontade para poder fazer todo tipo de acusação contra eles – e sem se sentir obrigada a provar o que quer que seja. Vejamos, a título de exemplo, algumas das acusações.
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