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Patrimônio imobiliário da Torre de Vigia

Em razão do modelo administrativo adotado, a Torre de Vigia tem conseguido acumular um patrimônio bilionário ao longo de seus cerca de 140 anos de existência.

As primeiras fotos mostradas a seguir compõem a sede mundial na cidade de Nova Iorque. Porém, recentemente o Corpo Governante comprou terras na região norte do estado de Nova York e lá constrói a nova sede. Em razão disso, pôs à venda os prédios da velha sede e até esta data, maio de 2016, alguns destes já foram vendidos.

Em cada foto, as legendas em português foram acrescentadas por mim.

  • Sede mundial das Testemunhas de Jeová - acessar.
  • Prédios residenciais - acessar
  • Hotéis de Brooklyn - acessar.
  • Prédios da gráfica - acessar
  • Prédio para produção de fitas - acessar.

Patrimônio da Torre de Vigia em outros países

Fonte das imagens: Versão impressa digitalizada do livro Proclamadores do Reino em inglês, páginas 352-402.


Estas são apenas uma pequena fração do patrimônio imobiliário da Torre de Vigia. Some-se a isso cerca de uma centena ou mais de propriedades espalhadas por diversos outros países. Também não podem ser excluídos as centenas de salões de assembleias, muitos deles com capacidade para alguns milhares de pessoas.

Há também os Salões do Reino (como são chamados os locais de adoração das Testemunhas de Jeová). Assim como Guadalupe tem o seu, geralmente cada cidade pode ter um ou muitos, variando conforme o número de Testemunhas de Jeová. Quanto a essas pequenas propriedades, muitas Testemunhas de Jeová podem pensar que, somente porque as construíram com seu próprio suor e dinheiro, essas lhes pertencem; mas caso pensem assim, estão muito enganadas. No que se refere ao Brasil, todo Salão do Reino é registrado em nome de uma associação composta por várias congregações próximas, e a Torre de Vigia, através de sua filial sediada em São Paulo, tomou todo o cuidado para que os membros eleitos dessa associação sejam todos de sua confiança. Tendo elaborado ela própria o estatuto dessas associações, houve o cuidado em estabelecer que somente anciãos podem ser membros.

O que segue é parte do estatuto da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tradados, com sede em Cesário Lange-SP.




Não disponho do estatuto das associações jurídicas, mas tenho conhecimento de que, no quesito composição da associação, segue-se esse mesmo critério: somente anciãos podem ser escolhido para membro e assim permanecem apenas enquanto for ancião. Dessa forma, visto que a Torre de Vigia tem a prerrogativa de destituir anciãos, ela assegura dessa forma que seus interesses nunca serão contrariados pela associação, pois, muito provavelmente, por meio da destituição, ela já terá acarretado a substituição de todo membro com alguma tendência a insubordinação. Que o verdadeiro objetivo de se formar uma associação ampla é garantir a posse das propriedades, pode-se ver no Manual das Associações Jurídicas, edição de 2006.




O argumento da Torre de Vigia parece fazer todo sentido, mas vai muito além do que exige a legislação nacional. Segundo nossa legislação, até mesmo os frequentadores do templo poderiam se juntar e criar uma associação jurídica; dessa forma, a congregação seria a legítima proprietária do Salão do Reino – e sem nenhum risco de perdê-lo para um membro, por morte, desassociação ou por qualquer outro motivo. Porém, caso fosse assim, em razão de milhares de congregações terem bem poucos anciãos, a Torre de Vigia ficaria impossibilitada de exigir que somente anciãos compusessem a associação. Porém, do jeito como é, se por acaso a Torre de Vigia desejar vender qualquer dessas propriedades, precisa apenas requerer que os membros da associação – todos anciãos – efetuem a venda e, segundo se comenta, em algumas cidades grandes isso tem ocorrido. Quando há dois, três ou mais Salões do Reino relativamente próximos, um ou dois estão sendo vendidos e os frequentadores são realocados para outros Salões. Isso geralmente resulta em Testemunhas terem que caminhar um trajeto mais longo até um Salão do Reino, o que pode ser bem cansativo e perigoso, especialmente para mulheres, crianças e idosos – mas não podem reclamar a ninguém, pois não perderam seu imóvel para um particular que morreu ou foi desassociado.

No Brasil, apesar de que todos os anos milhares se tornam Testemunhas, também milhares deixam a religião, e há congregações que perdem dois, três, quatro ou mais membros por ano. Mas, pelo que é do meu conhecimento, nunca aconteceu de uma congregação, como um todo, renunciar à religião; caso isso acontecesse, seria um caso inédito a maneira como se resolveria, de forma legal, a questão quanto a quem de fato pertence o Salão do Reino, visto que ele está registrado no nome da associação. Sobre isso, considero oportuno citar aqui um caso que aconteceu nos Estados Unidos e relatado por Raymond Franz:

O uso semelhante de táticas de manipulação pôde ser visto numa questão jurídica bem mais recente, ocorrida em Bonham, Texas, em 1986. Os anciãos que eram curadores do Salão do Reino ali foram arbitrariamente substituídos pela Sociedade Torre de Vigia e levantou-se uma questão jurídica quanto a quem tinha o controle legal do salão. A lei reconhecia apenas dois tipos de controle eclesiástico, o hierárquico e o congregacional. As publicações da Sociedade Torre de Vigia tinham declarado firmemente que sua direção “não era hierárquica”. (Veja, por exemplo, o livro Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus, 1966, páginas 169, 170; Qualificados Para Ser Ministros, 1959, páginas 268, 269) Contudo, a fim de assegurar seu controle sobre este Salão do Reino de Bonham, os advogados da Sociedade foram autorizados a apresentar seu controle como “hierárquico” ao invés de “congregacional”. Don Adams, vice-presidente da corporação da Sociedade de Nova York, entregou uma declaração juramentada com este objetivo, afirmando no item 6: “Para implementar suas decisões, o Corpo Governante utiliza uma organização hierárquica juntamente com entidades jurídicas.” (Veja o Apêndice.) Daí, ele delineia as evidências da natureza hierárquica do arranjo em vigor, com a sede mundial de Brooklyn no alto da estrutura de autoridade, seguida das comissões de filial, superintendentes de zona, superintendentes de distrito, superintendentes de circuito, corpos de anciãos e servos ministeriais. Neste caso, a declaração da natureza hierárquica era contrária às afirmações publicadas pela organização. Não era, contudo, contrária aos fatos, pois é visível a natureza hierárquica da estrutura (Em Busca da Liberdade Cristã, de Raymond Franz, nota 25 do capítulo 4, página 111; no apêndice do livro, páginas 887 e 888, é apresentado cópia da declaração juramentada fornecida pelo advogado da Torre de Vigia).

Sobre a citação acima, é necessário fazer duas ressalvas:

1º - os anciãos eram curadores, não os verdadeiros proprietários do Salão do Reino;

2º - a Torre de Vigia podia estar agindo em prol da coletividade local;

Dito isso, vale destacar nesse ponto o meio ardiloso usado pela Torre de Vigia para garantir-se como verdadeira proprietária do Salão do Reino.

Mas no que se refere à posse de bens materiais, isso revela um contraste gritante entre o conselho dado aos fiéis e as ações praticadas pela Torre de Vigia. Ainda que isso seja revestido de nobres objetivos, tal como fonte de recursos para investir na disseminação do evangelho, não deixa de ser uma flagrante demonstração de ganância, haja vista os meios usados para garantir para si a posse das propriedades.

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